quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Whisky "made in" Sacavém

Durante a década de 60, três homens e uma mulher davam início em Sacavém a uma indústria que produzia whisky de qualidade e gosto duvidosos e que, embora os rótulos ostentassem nomes como Vat 69 ou Johnnie Walker, ficará para sempre conhecido como “whisky de Sacavém”.

Esta operação consistia em despejar whisky verdadeiro para dentro de um barril, onde depois era adicionado álcool etílico (aquele que é utilizado para desinfectar feridas) e umas pastilhas para darem cor à mistura. Com um teor alcoólico de 90º, a bebida tinha de ser consumida rapidamente pois ao passar um ano, o corante das pastilhas começava a separar-se do álcool e ficava à vista a tramóia. De 1962 a 1966, os falsificadores dirigiam-se à Farmácia Lourenço, dia sim, dia não, com um garrafão de 5 litros para encher de álcool, dizendo que era para a oficina de serração em que alegadamente trabalhavam. Vendiam depois as bebidas, após encherem garrafas da marca com rótulos e até carimbos da alfândega falsificados, em bares e cabarés de Sacavém e, na sua maior parte, na capital portuguesa. Pelo meio, algumas das remessas eram enviadas para Marrocos para de seguida reentrarem em Portugal, para despistarem as autoridades.

Em Fevereiro de 1966, Manuel Serafim, o cabecilha da quadrilha, era capturado num restaurante pela Polícia, envolvendo até troca de tiros com as autoridades. Ao ser capturado, afirmou que quando saísse iria voltar ao mesmo, pois era a única coisa que sabia fazer. Uns anos após ser solto, foi descoberta no Barreiro uma fábrica onde repetia a operação de fabrico de whisky…

Se isto fosse verdade…

Futebol - Os "quinhentinhos"

Este ex-árbitro é um caso impar no futebol português. José Guímaro é o único árbitro (até agora) a ser condenado por corrupção num tribunal judicial. Os 500 contos que recebeu em troca do favorecimento num célebre Leça FC vs Académico de Viseu não foram compensação suficiente para o que se seguiu…

Em 7 de Junho de 1993 o Leça FC recebia o Académico de Viseu, e em caso de vitória festejaria o título da 2ª. Divisão B. José Guímaro era o árbitro e o Leça FC ganhou por 3-0, acrescentando uma taça ao seu palmarés. Contudo, em Junho de 1994, a Polícia Judiciária detém o árbitro após uma diligente investigação, com conversas telefónicas comprometedoras com “Manecas” (Presidente do Leça FC), Manuel Rodrigues (pai do Presidente do Leça FC), António Ramos e Joaquim Pinheiro (intermediários, sendo este último irmão de Reinaldo Teles, vice-presidente do FC Porto), e a fotocópia de um cheque de 500 contos assinado pelo “Manecas” e endossado a José Guímaro. Pela primeira vez um tribunal judicial julgava e condenava por corrupção desportiva! Os 500 contos (sempre referidos nas gravações como os “quinhentinhos”) não eram mais do que o pagamento da primeira prestação pelos “serviços” prestados por José Guímaro.

No final o Leça desceu da Primeira Divisão para a Divisão de Honra pela via administrativa na época de 1996/97, José Guímaro foi condenado a 15 meses de prisão e “Manecas” a 12 meses (sendo entretanto amnistiado) e Manuel Rodrigues e António Ramos a 8 meses de pena suspensa. Joaquim Pinheiro, sempre que confrontado com datas e as suas gravações telefónicas exclamava sempre “não me recordo”, evitando o envolvimento de seu irmão, várias vezes citado nas conversas, e evitando ser condenado. Em todo este processo, a única pessoa que cumpriu pena foi o corrompido, sendo que todos os corruptores passaram incólumes…

Se isto fosse verdade…

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Carro Assassino

Em 29 de Maio de 1981, num Tribunal da Califórnia, a empresa construtora de automóveis Ford Motor Company é condenada a pagar um total de US$ 128 115 680 de indemnização após serem condenados por deliberadamente colocarem as vidas dos seus clientes em risco.

Em Novembro de 1971, a família Grey comprou um Ford Pinto novo e, embora tivesse tido algumas avarias mecânicas, nada que fizesse adivinhar a catástrofe que ocorreu em Maio de 1972. A Srª Grey dirigia-se no carro, acompanhada por um jovem de 13 anos de nome Richard Grimshaw, para ir ter com seu marido. A meio do percurso na auto-estrada, a Srª Grey mudou de faixa e o Ford Pinto que conduzia foi abalroado na traseira, provocando um incêndio que tornou-se fatal para a condutora e que provocou sérias queimaduras em Richard Grimshaw, que necessitou de inúmeras operações plásticas que foram, contudo, pouco eficazes em esconder as marcas ao longo da sua vida.

O que torna este caso especial, é que a secção traseira do Ford Pinto tinha um erro de construção que provocava, ao ser abalroado pela traseira, que o tanque de combustível furasse e a gasolina vertesse para dentro do habitáculo e para cima do capot do veículo abalroador, ocasionando assim um incêndio. Documentos provaram que a administração teve conhecimento que por apenas mais US$ 10 (0,5% do valor do carro) podiam salvar vidas reforçando as peças dessa secção. Mas com a motivação de maximizar os lucros, não quiseram efectuar as reparações nos veículos antes de serem comercializados. Tal como neste caso, ocorreram muitos outros incêndios, sendo este o pioneiro do género…

Se isto fosse verdade…

Futebol - Verão de 1988

Verão de 1988; em Vila Nova de Famalicão é o desespero total. O clube local tinha acabado de sagrar-se campeão da 2ª Divisão e, com isto, o regresso à Divisão principal nove anos depois da última participação. Mas o fantasma da corrupção esticava o dedo acusador a António Costa, Presidente do Famalicão, por parte do seu homólogo do Macedo de Cavaleiros. Mas esta história sempre foi muito mal contada.

Na época de 1987/88, a disputa pela primeira posição no Campeonato da 2ª Divisão Zona norte esta ao rubro, com Famalicão, Fafe e Leixões a disputar a subida. Antes do campeonato acabar, o Fafe já tinha protestado a utilização irregular, por parte do Famalicão, do jogador Kanu. Mas protestara também a vitória administrativa sobre o Macedo de Cavaleiros. Findo o campeonato em primeiro e conquistado o título, o Presidente do Famalicão foi acusado (a uma semana do início da época seguinte!) por parte de António Veiga, Presidente do Macedo de Cavaleiros, de ter pago ao clube para encenar uma invasão no seu campo ao intervalo por parte dos adeptos para assim o Famalicão ganhar o jogo “na secretaria”. Exibindo o cheque assinado por António Costa, o Famalicão foi relegado para a 3ª Divisão como punição e os presidentes do Famalicão e do Macedo de Cavaleiros foram irradiados do futebol. Na época de 1988/89 o Famalicão sagra-se vice-campeão da 3ª Divisão e regressa à 2ª Divisão.

Contudo, António Veiga veio desmentir-se um ano depois. O antigo presidente do Macedo de Cavaleiros veio a público assumir que o cheque era, na verdade, para o pagamento dos bilhetes dos adeptos do Famalicão, e que tinha feito a falsa acusação de suborno como forma de prejudicar António Costa, presidente do Famalicão. O Famalicão e António Costa foram reabilitados e, como tinham terminado a época de 1989/90 em segundo lugar na 2ª Divisão Norte, o Campeonato da 1ª Divisão foi re-alargado para 20 equipas, permitindo que o Famalicão subisse naquele ano, para “compensar” da injustiça…

Se isto fosse verdade…