quarta-feira, 25 de junho de 2008

Salazar e o Benfica (1)

Desde cedo foi criado o mito que o Benfica era favorecido pelo Governo de António de Oliveira Salazar. Surgem histórias que afirmam que o Benfica só ganhava durante o Estado Novo, ou que Salazar não deixou vender o Eusébio para o estrangeiro. Contudo, analisando a História, a realidade era bem diferente do mito…

Salazar governou Portugal entre 1932 e 1968, sendo que nesse intervalo de tempo foram disputados 35 campeonatos de futebol. O Benfica ganhou 14, o Sporting 12, o Porto 8, e o Belenenses 1 solitário campeonato. Na verdade, a época dourada do Benfica até foi na altura mais revolucionária em Portugal, com 6 campeonatos ganhos durante a década de 70, sendo que em 2 dessas épocas o Benfica terminou o Campeonato sem derrotas. A nível nacional faz-se a ligação ao Estado Novo, mas ao verificarmos os registos em competições internacionais, o nome do Benfica surge como finalista por 8 vezes de competições europeias, para além dos títulos de Campeão Ibérico e Campeão Latino.

Analisando a história, em certas situações o Benfica até foi prejudicado. Tendo sido campeão na época de 1954/55, o Sporting é que foi designado pela Federação a representar Portugal na Taça dos Campeões Europeus. E embora o Benfica estivesse na final da Taça dos Campeões Europeus de 1961/62 (que viria a ganhar), a meia-final da Taça de Portugal entre o Vitória de Setúbal e o Benfica foi marcada para o dia seguinte. Com os jogadores ainda a meio caminho de Portugal e na ressaca da vitória em Berna, os Reservas do Benfica perderam por 1-0 em Setúbal, e foram afastados da final da Taça…

Se isto fosse verdade…

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Um Texas independente

Os Estados Unidos da América surge como a grande potência no virar do século. Um país que começou por ser uma união dos 13 estados ingleses na América do Norte, e que se tornou independente em 1776, presentemente é constituído por 50 estados. Mas entre esses estados, alguns deles já foram repúblicas independentes…

O dia 2 de Março de 1836 marcou o final de uma guerra que opôs o Exército Revolucionário do Texas ao México. Em 1824, o Presidente do México António López de Santa Anna anulou a constituição do país e centralizou o poder na sua pessoa. Sendo maioritariamente constituída por britânicos, ao contrário dos hispânicos que constituíam o resto do país, a zona que viria a formar o Estado do Texas lutou durante mais de uma década até conseguir a sua independência do Governo mexicano. Com uma constituição aprovada e moeda própria (o Dólar Texano), nasce a República do Texas. Contudo, após conseguir a sua independência, o Texas começou a contrair enormes dívidas, bem como continuava a lutar contra o Exército mexicano devido à marcação da fronteira, ao mesmo tempo que aumentava a simpatia pelos vizinhos do norte, com quem culturalmente se identificavam. Vendo como a melhor saída possível, o Presidente Jones da República do Texas colocou em votação pública a proposta de serem anexados pelos EUA…

Ao saber destas pretensões, os governos britânico e francês enviaram os seus embaixadores na República do Texas falarem com o Governo mexicano para fazerem um acordo que garantisse as fronteiras e a paz, e com isto o desejo de se unirem aos EUA diminuísse. Com a aprovação popular e a autorização do Congresso dos EUA, a anexação foi feita em 29 de Dezembro de 1845. Após a anexação, o Governo dos EUA assumiu a enorme dívida da República do Texas, e partiram a sua mais recente aquisição em mais cinco partes, criando os estados do Novo México, Oklahoma, Kansas, Colorado e Wyoming.…

Se isto fosse verdade…

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Ferrari na Fórmula Indy

Em 1985, os regulamentos da Fórmula 1 não estavam a gerar consenso. Permitindo motores Turbo até 1500 cc ou motores normalmente aspirados até 3000 cc, o equilibro com a paridade encontrada para equilibrar as performances já tinha sido anulada. Com a chegada dos grandes construtores à Fórmula 1, os gastos aumentaram, bem como as performances dos motores que chegavam aos 1000 cv, e as equipas pequenas estavam a perder competitividade. Entrou em acção Jean-Marie Balestre…

Para nivelar o jogo, o Presidente da Federação Internacional do Desporto Automóvel pretendia que os motores aspirados fossem de 3500 cc. Contudo, Enzo Ferrari pretendia uma fórmula de 1200 cc turbo. Como forma de pressão, a Ferrari afirmou no Verão de 1986 que pretendia sair da Fórmula 1 e embarcar noutro desporto e enviou o seu Director Desportivo Mário Piccini para assistir a uma corrida de Fórmula Indy em Michingan. Balestre deu sinal de força, dizendo que não se deixava intimidar, e que os custos e as velocidades na Fórmula 1 seriam para descer. Ferrari respondeu trazendo um March de Fórmula Indy bem como o piloto Bobby Rahal para um teste na sua pista privada em Fiorano. Pretendendo chegar a um consenso, Balestre e a Ferrari reuniram-se e num acordo de compromiss,o apenas a quantidade de combustível seria limitada. Mas Ferrari prosseguiu na pressão, e no Verão de 1987 a Ferrari apresenta o seu carro de Fórmula Indy…

Porém, as partes reuniram-se e chegaram a um acordo, com os novos motores aspirados de 3500 cc. Se Balestre pretendia que os motores fossem de 8 cilindros, a Ferrari insistiu que também os de 12 cilindros fossem possíveis, o que permitiu numa brecha desse regulamento que mais tarde à Renault criar o seu fabuloso motor de 10 cilindros. Enquanto os motores turbo foram progressivamente retirados, a Ferrari abandonou o projecto de Fórmula Indy. Em 1990, a Alfa Romeo decidiu entrar no mundo da Fórmula Indy com um novo motor, mas ao longo do ano o March com ele equipado, poucos resultados alcançou. Na verdade, o “novo” motor não era mais do que o rebaptizado motor Ferrari com 3 anos…

Se isto fosse verdade…

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Operação Félix

Embora Portugal fosse neutro durante a Segunda Grande Guerra Mundial, por diversas vezes esteve perto de ser invadida pelas forças Nazis, como até mesmo pelas forças Aliadas. A posição estratégica de Portugal e das suas Províncias Ultramarinas, sempre foram alvo de cobiça. Sempre desconfiando da Espanha, que vivia momentos conturbados, a partir de 1940 o medo de invasão esteve sempre presente…

Desde logo, o Conselho de Ministros mostrou a sua preocupação que da fronteira pudesse surgir uma invasão da Espanha, de Exércitos Extra-Peninsulares ou até mesmo acções da oposição portuguesa. Em Maio de 1940, corre o rumor que decorrerá um golpe de estado para destituir Salazar. Ao saber desses planos, a Inglaterra prepara um plano para invadir os Açores e Cabo Verde para proteger locais estratégicos. Mas a ameaça maior vem por parte da Alemanha, quando o Líder Nazi Adolf Hitler encontra-se com o Presidente de Espanha João Franco em Hendaia. Com a derrota francesa, o Exército Alemão chega aos Pirenéus com a intenção de pedir a Franco que autorize a passagem até Gibraltar, uma possessão inglesa na Península Ibérica. Pretendendo fechar assim o Mediterrâneo e avançar pela África francesa chegando até Cabo Verde e a Madeira, para além de defender as Canárias em colaboração com a Espanha. O plano passa também por invadir Portugal e repartir o território entre o Governo alemão e o Governo espanhol. Em Novembro de 1940, a planificação começa e é marcada a Operação Félix para dia 10 de Janeiro de 1941…

Contudo, três situações contrariam esse ataque: ainda na realidade de uma Guerra Civil mal terminada, a Espanha não tem capacidade de mobilização que pudesse garantir um ataque contra Portugal, bem como a defesa das Canárias, que seriam alvo directo dos ingleses; outra causa, foi a derrota italiana no Norte de África; e mais importante, Hitler fez ver que iria invadir então somente Gibraltar, com o sem o consentimento espanhol, mas após invadir e derrotar a Rússia. Mesmo com a conjugação destes factores, até 1943, quando as forças Aliadas conseguiram tomar o controlo do Norte de África, a invasão esteve sempre pendente…

Se isto fosse verdade…