quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

O caso Inocêncio Calabote

Na altura em que os jogos de futebol tinham na rádio a sua forma de transmissão (o fenómeno da televisão só viria décadas mais tarde) surgiu na época de 1958/59 a lenda Inocêncio Calabote. Diz a história, que este árbitro deu 10 minutos de desconto no jogo Benfica-CUF da última jornada, para que o Benfica marcasse mais um golo e ganhasse o campeonato pela diferença de golos. Mas nem o Benfica ganhou o campeonato, nem o árbitro deu 10 minutos de compensação…

Nessa 26.ª e última jornada disputada a 22 de Março, o Benfica recebia a CUF e o FC Porto visitava o Torreense. Tendo empatado os dois jogos entre eles, ganharia o campeonato quem tivesse maior diferença entre golos marcados e golos sofridos. Embora o FC Porto tenha ganho o campeonato, nasceu recentemente a crença que o Benfica foi campeão porque o árbitro Inocêncio Calabote deixou o jogo correr até o Benfica ter golos suficientes para ser campeão. Na verdade, o jogo começou com 6 minutos de atraso (provocados pelo Benfica para saber de antemão o resultado do FC Porto, e que por isso foi justamente castigado pela federação), e o intervalo prolongou-se também uns minutos. Na verdade o árbitro deu apenas 4 minutos de desconto, como rezam as crónicas da época em A Bola “No que se refere ao prolongamento de quatro minutos, cremos ter deixado, ao longo da crónica, justificação bastante para o critério do Sr. Inocêncio Calabote.”, ou no Record “Deu quatro minutos (…) pela demora propositada dos jogadores da Cuf – alguns deles foram advertidos – na reposição da bola em jogo. Não compreendemos porque não usou do mesmo critério no final do primeiro tempo, dado que aquelas demoras se começaram a registar desde início.”…

Nasceu também a crença que foram assinaladas a favor do Benfica 3 grandes penalidades que não existiam, mas os jornais elucidam em A Bola “Quanto aos “penalties”, não temos dúvida de que o primeiro e o terceiro existiram de facto; dúvidas temos, porém, quanto ao segundo, pois Cavém, ao que se nos afigurou, não foi derrubado por um adversário, antes foi ele próprio que se descontrolou e desequilibrou.”, ou no Record “Regular comportamento no julgamento das faltas. Só não concordamos com a segunda grande penalidade. A falta existiu, na verdade, mas só por ter sido executada fora de tempo merecia livre indirecto.”. Casos houve no Torreense-FC Porto, com a arbitragem de Francisco Guiomar a ser contestada pelos jogadores locais…

Se isto fosse verdade…

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