A máquina de propaganda do Estado Novo era incansável e aproveitava todas as oportunidades para fazer passar a mensagem. Em Fevereiro de 1946, após uma guerra que poupou o nosso território, uma equipa de futebol da Royal Air Force decidira fazer um jogo amigável em Portugal com a nossa Selecção Militar. Só que em campo surge a Selecção Nacional Portuguesa…
O Major Ribeiro dos Reis, glória do futebol português e que na altura era o Seleccionador, decidiu convocar “militares na reserva”, com uma equipa composta por Azevedo; Cardoso e Feliciano; Mateus, Francisco Ferreira e Serafim; Mário Coelho, Quaresma, Peyroteo, Salvador e Rogério. Até foi feito um estágio na Venda do Pinheiro, não fosse surgir algum craque entre os ingleses que fosse envergonhar os nossos jogadores. Composta por heróis da guerra e alguns futebolistas conhecidos, os ingleses defrontaram uma selecção em que, tirando Quaresma como Sargento e Manuel Marques como cabo, todos eram soldados rasos e até chegaram ao Estádio do Jamor em carro militar e devidamente fardados. E os jogadores ficaram bem satisfeitos pois, antes do jogo, foi-lhes dito em pleno Estádio defronte dos 60 000 espectadores que poderiam ficar com os equipamentos (outros tempos mais frugais) …
A Selecção Militar/Nacional acabou por empatar a um golo com a Selecção da RAF, onde pontificava um jovem Stanley Matthews que deu água pela barba a Serafim, encarregue de lhe fazer a marcação. Mas se este jogo teve uma selecção estranha (a portuguesa), no jogo seguinte em Março do mesmo ano surgiria outra selecção ainda mais estranha (nesse caso, a inglesa) …
Se isto fosse verdade…
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